Comprar ou arrendar casa? Esta é uma decisão que depende sempre da situação de cada pessoa ou agregado familiar e do facto de em algumas zonas do país ser difícil encontrar habitações para arrendamento de longa duração. Também o próprio cálculo dos custos associados à aquisição é em si complexo, obedecendo a fatores mutáveis ao longo dos anos.

A rede de franchising RE/MAX fez um estudo que permite concluir que a aquisição de um imóvel para habitação pode acarretar um menor esforço financeiro para as famílias do que a opção arrendamento, que se traduz numa poupança mensal.

Segundo os últimos dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), os arrendamentos corresponderam a cerca de 46% das vendas, ou seja, em cada 100 casas transacionadas apenas 32 foram arrendadas. Este cenário tem sido notório nos últimos anos, com a aquisição de casas pelos portugueses em detrimento do arrendamento, com a opção compra a ganhar terreno face ao total de imóveis e face ao total de arrendamentos.

No conjunto de imóveis habitacionais disponíveis em março na rede RE/MAX, 29.669 imóveis (93,8%) destinavam-se a compra (15.512 apartamentos e 14.157 moradias) e 1.957 imóveis (6,2%) tinham como fim o arrendamento (1.790 apartamentos e 167 moradias). Lisboa lidera, representando 27,5% das habitações disponíveis para compra a nível nacional e também cerca de dois terços do total para arrendamento, sendo o único distrito que apresenta uma proporção significativa de opções de arrendamento, ou seja, em cada sete casas disponíveis uma está para arrendar. Se excluirmos Lisboa, as alternativas de arrendamento são ainda mais escassas, com uma em cada 33 habitações destinada a arrendamento.

Numa leitura por concelhos, o de Lisboa, é o único que apresenta um rácio acima de 1 para 5 imóveis, em termos de alternativas de arrendamento face ao total. Já os concelhos de Cascais, Odivelas, Oeiras, Amadora, Porto e Almada apresentam um rácio, sensivelmente, de 1 para 10. A capital agrega praticamente um terço dos apartamentos disponíveis nos principais concelhos (32,3%). No que concerne a moradias, Cascais com 9,8% e Sintra com 7,5% são as localidades mais representativas. Se excluirmos o concelho de Lisboa, só uma em cada 16 habitações é que se encontra para arrendamento nestes principais concelhos.

Vejamos a opção de arrendamento: partindo de um exemplo de uma renda de 900 euros mensais, referente a um imóvel em Lisboa, num prédio urbano. Fazendo os cálculos a 35 anos, ao montante global de 378 mil euros de rendas é possível ainda subtrair a quantia de 17.570 euros, correspondente a benefícios fiscais de 15% das rendas suportadas a descontar no IRS (502 euros/ano). Desta forma, em três décadas e meia, o inquilino teria desembolsado 360.430 euros para usufruir da habitação.

Mas a opção de compra do referido imóvel, no pressuposto de que este custaria 195 mil euros, ficaria substancialmente mais barata a renda, com recurso a crédito bancário a 35 anos, dois titulares, financiamento de 80% do valor da habitação, com spread de 1% e Euribor a seis meses (-0,580%), a que se somam os custos notariais (485,92 euros), o Imposto Municipal sobre as Transmissões (4.562,78 euros), imposto de selo sobre a aquisição (1.560 euros) e imposto de selo sobre o crédito (936 euros). Ou seja, nos anos seguintes, para além da amortização dos 156 mil euros pedidos ao banco, com o seguro de vida (4.329,50 euros), o seguro multirriscos-habitação (1.241,10 euros), o Imposto Municipal sobre Imóveis (20.475 euros) e o condomínio (8.400 euros), o total a pagar seria de 250.491 euros pela aquisição do imóvel residencial. Em suma, o custo de comprar uma casa RE/MAX pode nem atingir 70% do custo de a arrendar, com uma poupança mensal de cerca de 260 euros.

Em termos de rácio de compra face ao arrendamento, na análise verifica-se que a opção de compra torna-se muito mais vantajosa quando comparados todos os imóveis habitacionais, pois a existência de muitas moradias nas zonas interiores do país com preços relativamente acessíveis, faz descer significativamente a diferença de preços entre as duas modalidades. O concelho de Lisboa revela ser o menos atraente para essa comparação, pois ainda que seja a região com mais e melhor representatividade de stock, é onde genericamente se registam as maiores diferenças, os maiores rácios compra versus arrendamento.

Quadro 1 – Número e Preços de habitações para venda por tipo de imóvel
PreçoNº habitaçõesPreçoNº habitações
Região/TipoApartamentoMoradia
Nacional219.000€15.152165.000€14.157
Continente218.000€15.212165.000€13.511
Concelho de Lisboa450.000€3.144932.500€112
Concelho do Porto240.000€1.201390.000€198
Açores128.500€49155.000€472
Madeira250.000€251265.000€174
Quadro 2 – Número e Preços de habitações para arrendamento por tipo de imóvel
PreçoNº habitaçõesPreçoNº habitações
Região/TipoApartamentoMoradia
Nacional900€1.7901.150€167
Continente900€1.7801.150€153
Concelho de Lisboa1.150€9196.250€5
Concelho do Porto700€1281.638€16
Açores600€5775€12
Madeira700€51.750€2

Assim, os números mostram, como se pode verificar no quadro nr.3, que o rácio de moradias a nível nacional é de 143,48, dado o facto de existirem muitas moradias nos distritos e concelhos do interior do país, com preços muito acessíveis para compra. No que se refere a Lisboa, o rácio é também bastante atrativo nas moradias (149,20), mas o volume de investimento é substancialmente elevado, uma vez que o preço mediano das moradias à venda ronda os 932 mil euros e há poucas moradias disponíveis para arrendamento no concelho (quadro nr. 1).

Quadro 3- Rácio de Compra vs Arrendamento
Preço
Região/TipoApartamentoMoradia
Nacional243,33143,48
Continente242,22143,48
Concelho de Lisboa391,30149,20
Concelho do Porto342,86238,10
Açores214,17200,00
Madeira357,14151,43

Para Beatriz Rubio, CEO da RE/MAX, “Para cada opção, comprar ou arrendar uma casa, há vantagens, contudo na aquisição de uma habitação própria há benefícios que sobressaem. Desde logo as taxas Euribor, que estão em mínimos históricos, assim como a atual competição pelo spread mais baixo entre os bancos. É certo que arrendar sai mais caro do que comprar e sendo uma casa um bem de primeira necessidade, será sempre vendível. Ter uma casa é possuir uma reserva de capital, que traz segurança e estabilidade; permite ainda flexibilidade de opções como mudar o espaço, as divisões, as cores e até dar-lhe outro propósito, como arrendar a terceiros e ainda trata-se de uma poupança a longo prazo. Assim, as vantagens de comprar casa conjugam fatores determinantes: bom negócio na aquisição do imóvel, a poupança que terá na renda e os custos a longo prazo.”

A responsável acrescenta ainda que “é vital que num processo de compra, venda ou arrendamento de uma casa existir uma visão profissional associada ao negócio, só conseguido com a ajuda de um especialista no mercado como a RE/MAX, composta por consultores imobiliários especializados, com formação permanente e atualizados em relação a leis e contexto de mercado.”